Colóquio 40 anos da fundação do CES – Participação dos Investigadores do CeiED Ana Benavente e Jacinto Serrão
O Centro de Estudos Sociais (CES) organizou, no âmbito dos 40 anos da sua fundação, o Colóquio de homenagem a Boaventura de Sousa Santos com o tema “A imaginação do futuro. Saberes, experiências, alternativas”, nos dias 7 a 10 de novembro de 2018.
Os Investigadores Integrados do CeiED Professora Ana Benavente e Professor Jacinto Serrão participaram no painel moderado por Marta Araújo “Educação, Sociedade e Democracia: perigos e esperanças dos futuros em construção”, juntamente com Paulo Peixoto (“A integridade nas instituições de ensino superior portuguesas”), Denise Esteves (“Repensar a educação enquanto direito humano através da inclusão de processos colaborativos, contextos e agentes plurais”) e Lucília Salgado (“Espaços sociais, literacia e educação permanente”).
Ana Benavente apresentou uma comunicação intitulada “As políticas educativas: expectativas, paradoxos, ficções e realidades”, da qual divulgamos o resumo:
“A Educação constitui-se como um dos direitos do Estado Social e da construção da democracia. Os indicadores revelam um país em progresso de escolarização nas últimas décadas. Que políticas públicas nos têm trazido à actualidade? Os tempos de mudança e inovação em educação, a gestão da Instituição Escolar, a vida pedagógica, os curricula e as aprendizagens, revelam contradições e paradoxos que nos interpelam. O poder de Organismos Internacionais centrados em comparações que influenciam o trabalho escolar marca as políticas educativas. A desvalorização da Educação nas políticas públicas, dos seus professores e das alternativas pedagógicas que permitem ultrapassar a escola reprodutora das desigualdades sociais revelam-se tanto na produção de legislação, da adopção de medidas estruturais (tais como a municipalização) como no espaço mediático. Nesta intervenção, sublinharemos os avanços mas também as regressões nas políticas educativas actuais e as suas principais características.”
Jacinto Serrão interveio com a comunicação “Cidadania tratada como objeto e contrariada nas práticas”, que aqui apresentamos o resumo:
“A Educação para a Cidadania é uma área incontornável ao currículo escolar, proporciona uma formação holística dos cidadãos e a construção da identidade de um povo. Tratando-se de um tema consensual, a retórica em torno do sistema educativo atribui à cidadania um estatuto de área interdisciplinar e transversal aos diversos ciclos e disciplinas e à comunidade. Uma retórica que não se reflete na prática quer na gestão da escola e nos recursos, quer na formação e práticas pedagógicas. Uma realidade que, baseada em evidências empíricas, transforma, a seguir aos alunos, os docentes nas principais vítimas de um sistema que transforma a escola desajustada da realidade e desinteressante. A cidadania é tratada como objeto e contrariada nas práticas e, neste sentido, importa conhecer as perceções dos docentes sobre diversas dimensões da Educação para a Cidadania para compreender as falhas do sistema e para construir um currículo capaz de responder aos desafios atuais e futuros. Um trabalho de campo realizado junto de professores de vários graus de ensino evidencia problemas, contradições e obstáculos num domínio que, a nível retórico, aparece como consensual. Até quando a Escola continuará prisioneira destas contradições entre discursos e práticas?”
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