ÁGORA – Encontros entre a cidade e as artes: explorando novas urbanidades
Apresentação
A Ágora era um espaço aberto que existiu em várias cidades da Antiguidade, tendo atingido a sua maior expressão em Atenas. Ocorriam aí os mais variados encontros entre cidadãos que desenvolviam diversas atividades, nomeadamente política, filosofia, comércio, artes. A cidade encontra as artes como forma de se valorizar ou para protestar. Por sua vez, as artes encontram a cidade como meio para fortalecer a relação entre artistas e para estimular a inspiração e a inovação através do pensamento crítico e do debate, tal como na antiga Ágora.
O declínio da cidade ‘moderna’ associado ao neoliberalismo desafia o direito à cidade. Em alguns casos, as respostas como as provenientes de artes também são, em si mesmas, ameaças ao direito à cidade, contribuindo para a erosão do senso comum e do interesse colectivo. O objectivo fundamental deste projeto é saber como é que, em contexto de crise, as várias resistências e as alternativas que propõem têm lugar na cidade através das artes e dos artistas. De que modo essas transformações, privilegiando a justiça social e a criatividade, podem promover novas urbanidades.
Assim, é relevante compreender até que ponto as dinâmicas artísticas estão ligadas às tensões entre as forças do mercado, os poderes políticos e a recusa do modelo neoliberal, particularmente na metrópole de Lisboa.
O orçamento total do projeto é de 154 949 €.
Ágora website – https://agoraprojecto.wordpress.com
Objetivos
Os objetivos específicos do projeto estão focados em 3 tópicos, desenvolvidos no plano de investigação e métodos: Perceber as transformações das cidades, nomeadamente o incremento de um espaço público cada vez mais regulado, controlado e vigiado e as consequentes resistências e alternativas à mudança.
Os resultados do projeto visam contribuir para:
- o desenvolvimento teórico e metodológico, nos campos mencionados, tendo por base uma visão da ciência crítica;
- a análise dos impactos das atividades artísticas na criação de novas urbanidades;
- a elaboração de cartografia e infografia que apresentem os resultados através de um atlas, de um guia e de uma exposição (fotografia, vídeo e realidade aumentada);
- duas aplicações computacionais, uma plataforma interativa sobre artistas e artes e uma aplicação de ‘realidade aumentada’ relacionada com os trajetos urbanos ligados às artes, incluindo percursos literários;
- o desenvolvimento de um exercício de benchmarking sobre as capitais dos países europeus especialmente afetados pela crise (Lisboa, Atenas, Madrid e Dublin);
- a elaboração de orientações de política urbana.
A metodologia adotada combina métodos quantitativos e qualitativos. Os primeiros, incluem a análise de dados estatísticos, disponibilizados por várias instituições portuguesas e europeias sobre a relação entre a cidade e as artes, nomeadamente nas áreas da produção e do consumo. Os métodos qualitativos implicam o cruzamento de diversos instrumentos metodológicos:
- questionários e entrevistas com artistas e agentes culturais que promovem a arte na cidade; análise dos curricula dos artistas através da vasta gama de informações disponíveis online; análise e mapeamento de obras literárias sobre a metrópole de Lisboa;
- desenvolvimento de estudos de caso (“cenas artístico-culturais”) na Área Metropolitana de Lisboa) a passar por processos de significativa transformação. Em um dos estudos de caso será criado um laboratório urbano (Urban Living Labs), onde será desenvolvida uma investigação-ação baseada na co-produção de conhecimentos (em conjunto com agentes locais) para chegar a resultados passíveis de serem postos em prática e avaliados.
Investigadores
A equipa do projeto (PTDC/ATPGEO/3208/2014) é atualmente constituída por Isabel André (coord.), Ana Estevens (bolseira pós-doc), Agustín Cócola Gant, Ana Moutinho, Aquilino Machado, Daniel Paiva, Eduardo Brito Henriques, João Sarmento, Leandro Gabriel, André Carmo, Mariana Gaspar e Miguel Santos.
O CeiED está representado no projeto pela investigadora Ana Moutinho, que coordena uma tarefa relacionada com a realização de uma aplicação de realidade aumentada.