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Sociomuseologia e Planejamento Museológico na Universidade Federal de Uberlândia contribui para o fortalecimento da preservação do patrimônio cultural e científico das universidades federais brasileiras.
2 abril 2025
Pesquisadora investiga impacto de política museal institucionalizada pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) na qualificação de seus museus e propõe estratégias para seu aprimoramento.
O estudo conduzido por Daniela Vicedomini Coelho destaca a importância do Plano Museológico como ferramenta essencial para a preservação e qualificação da gestão de museus e coleções universitárias. A pesquisa, realizada com base em experiências de planejamento em quatro museus vinculados a unidades acadêmicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), analisa o impacto da conformação do Sistema de Museus da UFU (SIMU) e propõe diretrizes para seu fortalecimento.
A investigação aponta que a UFU abriga um vasto patrimônio cultural e científico presente em cinco museus do SIMU: Museu de Biodiversidade do Cerrado, Museu de Minerais e Rochas, Museu DICA – Diversão com Ciência e Arte, Museu dos Povos Indígenas e Museu Universitário de Arte. Apesar da riqueza das coleções, e da atuação destacada na formação acadêmica e profissional e no engajamento de diferentes públicos, desafios como a falta de valorização; equipes reduzidas; ausência de museólogo; e carência de recursos físicos e financeiros, ainda limitam o pleno potencial dessas instituições.
Nesse contexto, a pesquisa aponta que o engajamento das equipes na construção do Plano Museológico não apenas aprimora a gestão desses espaços, impulsionando sua relevância educacional e científica nas comunidades acadêmicas, como também traz evidências da potência do processo de planejamento como prática educativa de caráter libertador, permitindo às equipes se apropriarem criticamente de sua condição para transformarem suas realidades. “Nossas experiências com quatros museus desse sistema revelaram que os processos de planejamento foram essenciais na organização e no direcionamento de projetos e ações, fortalecendo o papel dos museus como agentes de transformação social”, ressalta Daniela Vicedomini Coelho.
A institucionalização do SIMU, ocorrida em 2017, e de um programa específico de financiamento e fomento em 2019, o PROMUS, constituem-se em marcos importantes para os museus da UFU. No entanto, o estudo revela a necessidade de maior articulação entre os museus e as diretrizes estratégicas da universidade.
Com base nos achados da pesquisa, Daniela propõe ações estratégicas para fortalecer o SIMU, incluindo a estruturação de um corpo técnico a ser compartilhado pelos museus “que poderia funcionar como uma espaço de oxigenação permanente, problematizando as coleções e investigando seus potenciais para atividades de ensino, pesquisa e a prática extensionista”, explica a pesquisadora; a criação de um curso de Museologia e o mapeamento de outras coleções na UFU. Essas medidas, cuja implantação poderia ser debatida na modalidade de um evento, inclusive no âmbito do Fórum de Cultura da própria universidade, visam garantir que os museus universitários sejam reconhecidos como espaços fundamentais de produção e difusão do conhecimento.
O estudo também insere a experiência da UFU em um contexto mais amplo, ao tecer análises, a partir de dados extraídos da Rede Brasileira de Coleções e Museus Universitários (RBCMU) e de discussões no VI e VII Fórum Permanente de Museus Universitários (FPMU), e sistematizar informações acerca de onze redes e sistemas de museus e coleções universitárias presentes em universidades federais brasileiras. O mapeamento crítico realizado demonstra que, em nível nacional, ainda há um déficit de políticas públicas específicas para museus universitários, o que reforça a importância de iniciativas como o SIMU.
Os resultados deste estudo contribuem significativamente para o debate sobre a importância dos museus e coleções universitárias no Brasil: "Sob a ótica da Sociomuseologia, compreendemos que esses espaços podem se posicionar como agentes transformadores, promovendo inclusão, acessibilidade e diálogo com as diversas comunidades nas quais se inserem, para além das acadêmicas. Por sua vez, o Plano Museológico se apresenta como uma ferramenta essencial de planejamento estratégico, tático e operacional, voltado para organizar e fortalecer a atuação de museus e coleções universitárias e como oportunidade para fomentar aproximações entre esses espaços e outros segmentos acadêmicos”, conclui Daniela.
A tese de Daniela Vicedomini Coelho foi defendida em 21 de fevereiro de 2025 e está disponível para consulta na Universidade Lusófona. Sob a perspectiva da Sociomuseologia, o estudo representa um passo importante para o fortalecimento do planejamento museológico e para a valorização do patrimônio universitário brasileiro.