A educação representa um veículo para a integração cultural e socioeconómica das pessoas refugiadas, para a sua autonomia e dignidade e para o combate à marginalização e ao fundamentalismo. Contudo, a participação destas pessoas no ensino superior enfrenta múltiplos desafios, o que se reflete em baixas taxas de inscrição. De acordo com ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, apenas 7% vão para a universidade, em comparação com a média global de participação no ensino superior, de mais de 40% entre as pessoas não refugiadas. O projeto visa realizar um estudo exploratório para identificar os desafios que os estudantes refugiados encontram na participação no ensino superior em Portugal, tanto no acesso como no percurso académico. Adota uma perspetiva intercultural e interseccional para permitir a identificar e relacionar possíveis desigualdades e injustiças estruturais e sistémicas em Portugal e propor recomendações práticas para mitigar os desafios nas instituições de ensino superior.

Objetivos

As pessoas refugiadas representam um grupo socialmente desfavorecido, similar às minorias racializadas. Estes grupos vulneráveis encontram desafios na participação na educação, o que reflete a inadequação das políticas de equidade e inclusão das instituições de ensino superior. A investigação sobre a participação das pessoas refugiadas no ensino superior é escassa. A falta de estudos em Portugal destaca-se, apenas tendo sido identificado um estudo que refere obstáculos ao acesso. Neste contexto, o objetivo do projeto é o de perceber os desafios à participação no ensino superior que as pessoas refugiadas enfrentam, procurando dar resposta às duas perguntas de investigação seguintes:

1. Quais são os fatores políticos, legais e institucionais que condicionam a participação das pessoas refugiadas no ensino superior em Portugal?
2. Como é que os estudantes refugiados percecionam e lidam com os desafios que enfrentam no acesso ao ensino superior e no próprio percurso académico?

O projeto levará a cabo análises do quadro normativo e das narrativas dos estudantes a partir de uma perspetiva decolonial e intercultural, como crítica ao privilégio cognitivo e às práticas a si associadas. O objetivo é o de possibilitar uma reflexão mais integrada das relações hierárquicas subjacentes e de como estas se interseccionam, nomeadamente a partir das variáveis de género, raça e classe social.

Equipa de Investigação

• Cristina Sin (PI), CeiED, Universidade Lusófona
• Filipa Lourenço, CeiED, Universidade Lusófona
• Inês Vieira, CeiED, Universidade Lusófona
• Elisabete Pinto da Costa, CeiED, Universidade Lusófona
• Alexandra Silvestre, CeiED, Universidade Lusófona
• Joyce Aguiar, CIPES

ReLeCo(s) associada(s)

• Políticas Públicas e Governação em Educação
• Estudos Socioartísticos para a Decolonialidade e a Sustentabilidade
• Mediação Social e Educativa